O uso de bota durante a condução de motocicletas é destacado por especialistas como fator determinante para evitar lesões graves e amputações. Estudos e levantamentos recentes apontam que a falta de proteção adequada nos pés está diretamente relacionada ao agravamento dos ferimentos em acidentes com motos. Segundo o ortopedista Dr. Fhilipe Xavier, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) de Pernambuco, “os calçados como chinelos ou até tênis não oferecem proteção adequada contra impacto, abrasão e torção, que são mecanismos comuns nas quedas de moto”.
Alta incidência de amputações por uso indevido de calçados
Um estudo realizado pelo Comitê de Prevenção de Acidentes com Motos no Estado (Cepam) revelou que, em 2015, 66% dos motociclistas internados em hospitais pernambucanos por acidentes de trânsito precisaram amputar dedos ou o próprio pé. Muitos desses casos poderiam ter sido evitados com o uso do calçado correto durante a condução. De acordo com Dr. Xavier, a realidade dos acidentes atuais permanece semelhante: quem insiste em conduzir motos sem a proteção adequada sofre traumas mais intensos e complicações graves.
O especialista alerta que o tênis, por exemplo, “é rapidamente consumido pelo asfalto e chega na pele em segundos”, enquanto o chinelo não protege áreas essenciais, permitindo que o impacto seja transferido diretamente para a pele, explicando a alta proporção de amputações em acidentes. Em situações de queda, o pé normalmente é a primeira parte do corpo a tocar o solo, tornando-o suscetível a fraturas, luxações e lacerações quando desprotegido.
Função protetora da bota para motociclistas
A bota de proteção exerce papel fundamental na preservação da integridade física dos pés e tornozelos. Dr. Xavier afirma que “ela evita esmagamentos, lacerações (quando o pé fica preso entre a motocicleta e o asfalto ou entre outro veículo), e é também um isolante térmico, reduzindo queimaduras causadas pelo escapamento e partes plásticas da moto”. Os calçados inadequados, como chinelos ou sapatos baixos, deixam o motociclista exposto a todos esses riscos, enquanto a bota, mais resistente, reduz significativamente as chances de traumas graves.
A altura do modelo também é relevante: mesmo tênis mais estruturados não oferecem o grau de proteção proporcionado por botas específicas para motociclistas. Dr. Xavier ressalta que a entorse de tornozelo está entre os traumas mais comuns na ortopedia, e o calçado baixo não protege contra esse tipo de lesão.
Consequências das lesões em acidentes com moto
O presidente da Abramete destaca que acidentes envolvendo alta energia, comuns em motociclistas sem o uso de equipamento adequado, podem levar à perda definitiva de funções importantes do pé. Um exemplo citado é o rompimento de determinada enervação, que pode resultar em sequela permanente conhecida como “pé caído”. Além das lesões ligamentares, perigosas a longo prazo e frequentemente subestimadas, o especialista enfatiza a complexidade do pé humano: são 26 ossos e diversos ligamentos, alguns com espessura de fio de cabelo, responsáveis por movimentos delicados e essenciais ao equilíbrio corporal.
Capacete: único equipamento obrigatório na legislação, mas insuficiente
De acordo com normas de trânsito, o capacete é o único equipamento de proteção exigido para motociclistas que não exercem atividade remunerada. Porém, embora o capacete reduza a gravidade dos acidentes em até 70%, a atenção à proteção dos membros inferiores ainda é negligenciada. Especialistas alertam que sem o uso de bota, aumentam os riscos de traumas graves, amputações e sequelas permanentes nos pés e tornozelos.
Recomendação profissional para motociclistas
Diante destes dados, a recomendação é clara: a bota deve ser considerada item indispensável para qualquer motociclista, independentemente do trajeto ou da frequência de uso. A proteção garantida pela bota é fundamental para preservar a saúde, evitar fraturas, luxações, lacerações, queimaduras e múltiplos tipos de lesão que podem resultar em mutilações ou limitações para o resto da vida.
Fonte: AutoPapo