
A Jaguar Land Rover (JLR), controlada pelo conglomerado indiano Tata, anunciou a reativação de parte das operações industriais no Reino Unido nos próximos dias. A medida ocorre após um ciberataque ter forçado a paralisação das atividades produtivas por quase um mês, incluindo a interrupção dos sistemas digitais de faturamento desde o final de agosto.
Segundo a ministra do Tesouro Rachel Reeves, a retomada busca proteger milhares de empregos e manter a cadeia local de fornecedores. A JLR, dona das marcas Land Rover, Jaguar e Range Rover, é considerada estratégica para a economia britânica, pois emprega diretamente 34 mil pessoas e ancora a maior rede de suprimentos do setor automotivo do país, envolvendo cerca de 120 mil trabalhadores indiretos.
Durante a contenção dos danos causados pelo ataque cibernético, a montadora contou com o trabalho conjunto de técnicos internos, especialistas internacionais, a agência National Cyber Security Centre e a polícia britânica. O impacto atingiu gravemente os sistemas de TI das fábricas em Solihull, Wolverhampton e Halewood, interrompendo todo o processo produtivo.
Em nota oficial, a empresa informou que já notificou parceiros e fornecedores sobre o avanço na restauração da infraestrutura digital e se compromete a acelerar o pagamento de faturas em atraso, buscando restabelecer a normalidade das operações.
A paralisação forçada pressionou sindicatos como o Unite — representante de milhares de trabalhadores da JLR e da cadeia de suprimentos — a buscarem soluções junto ao governo. O empréstimo de US$ 2 bilhões, anunciado no dia 28 de setembro, foi recebido como medida essencial para proteger empregos e garantir a continuidade das atividades. A secretária-geral do sindicato, Sharon Graham, declarou que o recurso deve ser empregado para manter postos de trabalho, proteger competências e assegurar salários tanto no grupo quanto entre fornecedores.
O incidente levou também à prorrogação do fechamento das fábricas até 1º de outubro de 2025. As três plantas da JLR no Reino Unido — responsáveis por cerca de mil veículos/dia — registraram perdas semanais de 50 milhões de libras (US$ 68 milhões) durante a paralisação.
A ausência de um acordo de seguro específico contra ataques digitais agravou a situação financeira do grupo, conforme relataram fontes do setor de seguros. Diante da crise, o governo priorizou medidas para apoiar a reativação das operações e preservar a saúde da cadeia de suprimentos nacional.
Os impactos não se limitaram à JLR: a paralisação causou repercussões negativas em toda a cadeia automotiva, com relatos de queda na produção industrial britânica e interrupção de atividades de fornecedores. Segundo pesquisa da S&P Global, houve retração acentuada no índice dos gerentes de compras do setor industrial do Reino Unido em setembro, impulsionada pelo episódio.
Com a reabilitação gradual das plantas e sistemas, a expectativa tanto do governo quanto de representantes laborais é de restabelecimento pleno das operações, assegurando empregos e fortalecendo a recuperação da indústria.
Fonte: Motor1