
Proprietários da Ford Ranger V6 2024 enfrentam pane em rodovia movimentada, refletindo o problema da bomba de combustível.
Proprietários da Ford Ranger V6 fabricadas entre 2024 e 2026 vêm relatando falhas recorrentes relacionadas à bomba de combustível Bosch CP4.2, peça responsável pela alimentação em alta pressão dos injetores do motor V6 3.0. O problema, identificado como contaminação do diesel com limalha metálica, levou à emissão de uma campanha oficial pela Ford para inspeção e substituição do componente.
Campanha 25P19: quase 36 mil unidades envolvidas no Brasil
Segundo comunicado enviado pela montadora em 13 de agosto, durante apuração da reportagem, a campanha 25P19 abrange 35.988 unidades do modelo Ranger V6, equipadas com motores produzidos entre 24 de outubro de 2022 e 4 de abril de 2025. Veículos que apresentarem os códigos de falha P0087 e P0088 no módulo PCM devem ser submetidos a inspeção e, caso necessário, substituição gratuita da bomba CP4.2, de sua junta e dos seis bicos injetores. O serviço também inclui descontaminação de tanque e linha de combustível, operação que dura 7h35 de acordo com estimativa oficial da Ford.
Origem do defeito: ¿culpa do biodiesel?
De acordo com a fabricante, “o motivo seria a contaminação do diesel por limalhas metálicas causadas pelo desgaste de alguns componentes internos da bomba de combustível proveniente da composição química do combustível utilizado (biodiesel)”. A Ranger acusa o defeito com o acendimento da luz de mau funcionamento do motor (MIL) no painel de instrumentos.
A Ford também afirmou: “A Ford está atenta aos desafios enfrentados pela indústria automotiva no Brasil – como as recentes alterações na legislação, com aumento progressivo do teor de biodiesel no diesel – que podem afetar diversas marcas do mercado. Nesse sentido, monitoramos constantemente a frota circulante no país e atuamos proativamente na solução de qualquer questão em campo, prezando pela segurança, qualidade e satisfação de nossos clientes”.
Relatos de donos e dificuldades na solução do problema
Embora o serviço seja oferecido sem custos para o consumidor, a reportagem destaca que há “diversos relatos, no site Reclame Aqui, de substituições recorrentes da peça”. Um proprietário de Belo Horizonte (MG), dono de uma Ranger 2024, comentou: “A caminhonete acendeu a luz da injeção e o motor apagou a 110 km/h. Após 50 dias aguardando o conserto, aconteceu de novo. É inaceitável um veículo de R$ 300.000 com a mesma falha em tão pouco tempo. Estou desapontado.”
Outro exemplo vem de Teófilo Otoni (MG): “Pela terceira vez, levo minha Ranger V6 Limited Plus 2024 à concessionária para resolver o problema. O veículo tem só 27.000 km, com revisões feitas dentro do prazo. Até hoje não resolveram. Um desrespeito.” Já em Goiânia (GO), um proprietário relatou: “O veículo apresentou problemas em plena rodovia, parando imediatamente. Quase não chego ao acostamento. E estou há mais de duas semanas sem carro por falta de peças.”
Mercado paralelo e recomendações da marca
A falha frequente da bomba CP4.2 estimulou o surgimento de uma oferta paralela de filtros específicos para tentar conter a limalha metálica, embora tais soluções não sejam homologadas pela Ford. Conforme orientação das oficinas da montadora, o recomendado aos proprietários é o uso regular de aditivo misturado ao diesel.
O boletim da Ford não cita qualquer cobrança pelos serviços relacionados à campanha 25P19, reforçando que o procedimento é gratuito para veículos que apresentem as falhas especificadas.
Fonte: Quatro Rodas