
Engenheiro inspeciona motor de nova geração, equilibrando inovação e tradição.
Motor a combustão ainda não chegou ao fim, contrariando previsões de descontinuidade acelerada diante da eletrificação automotiva global. Discussões recentes e iniciativas das principais montadoras evidenciam que essa tecnologia permanece relevante e deverá conviver com elétricos, híbridos e novos combustíveis por um longo período.
Mercado automotivo global equilibra inovação e tradição
No cenário automotivo mundial, grandes fabricantes optam por estratégias diversas diante da transição energética. A Toyota, em aliança com Subaru e Mazda, desenvolve uma nova geração de motores a combustão compactos, leves e versáteis, dimensionados para equipar desde híbridos tradicionais até veículos movidos a hidrogênio e elétricos de alcance estendido (EREV). Segundo a empresa, o diferencial desses motores está na flexibilidade: “os motores da próxima geração poderão atuar como geradores em veículos elétricos de alcance estendido, garantindo que o motor elétrico seja o principal responsável pela propulsão enquanto o motor a combustão recarrega as baterias”. Este caminho permite que a marca adapte tecnologias conforme a necessidade de cada mercado, combinando sustentabilidade, potência e prazer ao dirigir.
Além disso, a proposta é aliar experiência de condução com sustentabilidade. As versões turbo do novo motor 2.0 terão aplicação em modelos da divisão esportiva Gazoo Racing, entregando mais de 600 cavalos de potência. O objetivo, segundo a Toyota, é provar “que a busca por um futuro neutro em carbono não significa abrir mão da diversão de dirigir”.
Eficiência energética e biocombustíveis como aliados
Outra tendência destacada pelas montadoras é a utilização de biocombustíveis, combustíveis sintéticos e hidrogênio, promovendo a redução de emissões e a viabilidade econômica em mercados diversos. A adaptação se dá também aos desafios regulatórios, já que, a partir de 2025, entram em vigor normas mais rígidas como a Euro 7, que impõe limites para óxidos de nitrogênio (NOx) de 60 mg/km para motores de combustão interna, independentemente do combustível. Apesar disso, “os motores a gasolina já devem atender a essa condição de acordo com a norma Euro 6”, indicando que a permanência dessa motorização é tecnicamente possível diante dos novos padrões.
Desenvolvimento tecnológico segue acelerado
Inovações de engenharia buscam elevar a eficiência térmica dos motores a combustão interna. Modelos em desenvolvimento, como o apresentado pelo grupo Chery na China, já operam com taxas de compressão de 26:1, muito acima do padrão atual para motores a gasolina. Essas evoluções contribuem para alcançar emissões mais baixas e melhor desempenho energético, mantendo o motor a combustão competitivo frente a tecnologias alternativas.
Consumo, custos e futuro em debate
Apesar das exigências mais rigorosas, as regras não proíbem imediatamente a comercialização ou circulação de veículos a combustão interna. A perspectiva para 2035, quando a União Europeia prevê que todos os novos veículos sejam zero emissões, leva as montadoras a reavaliar estratégias, mas confirma que “a compra e venda de carros de combustão interna usados ainda será permitida, embora o custo de operação deles deva aumentar drasticamente”. Além disso, destaca-se que “muitos fabricantes já decidiram fechar divisões de desenvolvimento de motores de combustão interna e, eventualmente, retirar carros de combustão interna de sua oferta muito antes do que a União Europeia exige” devido a custos elevados de adequação e investimento em novas tecnologias.
No entanto, a coexistência entre diferentes tipos de motorização desponta como resposta viável às demandas de consumidores e realidades regionais. Modelos híbridos, EREV e a combustão interna, aprimorados para alcançar níveis inéditos de sustentabilidade, integrarão a frota global ainda por anos, à medida que a infraestrutura, a demanda e a legislação evoluem.
Perspectivas
O motor a combustão confirma sua longevidade em função de avanços tecnológicos, adaptação a combustíveis renováveis e novas configurações híbridas. Indústrias e consumidores podem esperar um mercado diversificado, no qual a tradição da combustão interna conviverá com as tendências elétricas e de hidrogênio, em um processo de transição equilibrado entre inovação e herança tecnológica.
Fonte: AutoIndústria